O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse nesta quinta-feira em Brasília que o Conselho de Segurança da ONU deve ser modificado para se adaptar à nova realidade geopolítica mundial.
“Isso significa que ele deve ser reformado de modo que se torne mais representativo, com mais credibilidade e democrático. Os Estados-membros começaram negociações num texto-base, e espero que isso se acelere”, afirmou Ban em entrevista coletiva, após se encontrar com o chanceler Antonio Patriota no Palácio do Itamaraty.
Ban disse que está “totalmente consciente” da ambição brasileira de se tornar um membro permanente no Conselho – atualmente, o país ocupa um assento rotativo no órgão – e afirmou que o tema “deve ser discutido entre os Estados-membros” da ONU.
O sul-coreano chegou ao Brasil nesta quinta-feira, após visitar Colômbia, Argentina e Uruguai, e ainda esta quinta-feira iria ter um encontro com a presidente Dilma Rousseff.
Sua viagem antecede a eleição para a secretaria-geral da ONU, cargo que ele ambiciona ocupar por mais um mandato de quatro anos. Como é o único candidato, dificilmente enfrentará obstáculos.
Papel maior na ONU
Ban disse ter afirmado aos líderes de todos os países sul-americanos que visitou que “eles podem ter um papel muito maior na ONU e em organizações multilaterais”.
“Ao mesmo tempo, a ONU pode ter um papel maior na região, em termos de promoção de instituições democráticas, direitos humanos e a promoção da cooperação sul-sul”.
Na coletiva, Ban disse ainda ter tratado, em seu encontro com Patriota, da Conferência de Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que deve ocorrer em junho de 2012.
“Esta (desenvolvimento sustentável) será a questão prioritária mais importante para ONU. (…) Avançamos rápido, mas não conseguimos entrar em acordo quanto a um acordo amplo e aceitável.”
Ele afirmou também que o Brasil, dado o papel internacional que conquistou nos últimos anos, está em posição estratégica para construir consensos entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Mundo árabe
Comentando as instabilidades no mundo árabe, particularmente na Síria e na Líbia, Ban disse ter conversado muitas vezes com o líder sírio, Bashar Al-Assad, e o exortado a “ouvir os desejos e as aspirações de seu povo”.
“É totalmente inaceitável que muitos civis se manifestando pacificamente para conquistar seus direitos genuínos de maior liberdade e democracia sejam mortos e feridos.”
Quanto à Líbia, disse esperar que o regime do coronel Muamar Khadafi promova um cessar-fogo que possa ser verificado, para que a ONU e outras entidades internacionais possam prover ajuda humanitária aos afetados pelo conflito.
Após o encontro, Patriota disse que tem conversado com chanceleres de alguns países do Conselho de Segurança na tentativa de articular a elaboração de uma declaração presidencial sobre a violência na Síria.
A declaração presidencial, afirmou o chanceler, não precisaria ser votada e “seria uma maneira de o Conselho de manifestar sobre uma situação que é preocupante e complexa”.
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