sábado, 30 de junho de 2012

PT de Belo Horizonte rompe com PSB e lança candidatura própria

O PT de Belo Horizonte acaba de romper a aliança com o prefeito Marcio Lacerda (PSB). Por 11 votos a 4, a legenda decidiu lançar candidatura própria. O vice-prefeito Roberto Carvalho irá encabeçar a chapa que irá concorrer à Prefeitura de Belo Horizonte. Agora, resta escolher que será o vice.

A direção nacional do PT ainda pode reverter o quadro. "Se a direção nacional e o Lula quiserem, eles podem mudar isso", afirmou o ex-deputado Virgílio Guimarães. Na sede municipal do PT, apenas a ala do vice-prefeito está presente. "Quem rompeu foi o PSB", acusou Carvalho. A medida foi tomada após o secretário de Finanças do PSB, Pier Senese, entregar aos petistas uma carta em que comunica ã decisão da legenda de não se coligar com o PT na chapa para vereadores.

Nos bastidores, o senador Aécio Neves (PSDB) teria dito aos socialistas que romperia com Lacerda se o PSB formasse coligação proporcional com o PT. E também teria pedido a presidentes de pelo menos nove partidos que deixassem o prefeito caso não cumprisse as exigências dos tucanos.

Carvalho informou que não irá entregar os cargos que os petistas possuem na administração de Lacerda. "Fomos eleitos com ele", disse. Agora, o PT negocia com o PR uma composição para a chapa majoritária.



Hoje em dia 

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Paraguai sai e Venezuela entra


Por Altamiro Borges

O golpe relâmpago no Paraguai já produziu os seus primeiros efeitos no bloco de integração regional da América do Sul. A reunião do Mercosul em Mendoza, na Argentina, encerrada hoje à tarde, decidiu suspender o Paraguai até as novas eleições presidenciais no país e, ao mesmo tempo, aprovou a incorporação da Venezuela como “membro de pleno direito” a partir de 31 de julho.

As decisões foram anunciadas pela presidenta Cristina Kirchner, anfitriã da cúpula. “O Mercosul suspende temporariamente o Paraguai até que se leve a cabo o processo democrático que novamente instale a soberania popular no país”. Ela também confirmou a incorporação da Venezuela, há muito solicitada, mas que era barrada pelo mesmo Senado golpista do Paraguai.

Medida branda contra os golpistas
O golpe no Paraguai foi o principal ponto de pauta da reunião em Mendoza. Já na abertura da cúpula, a presidenta argentina foi dura na condenação aos golpistas. “Houve uma ruptura da ordem democrática na República do Paraguai... Parece uma paródia de julgamento o que aconteceu contra Lugo, porque não há no mundo um julgamento político sem a possibilidade de defesa”.
Havia expectativa de que o Mercosul fosse além da simples suspensão política do governo golpista. Alguns chanceleres defendiam a aplicação de sanções econômicas, como o bloqueio comercial e o cancelamento de empréstimos. No final, vingou a tese de que tais medidas penalizariam o povo paraguaio e representariam uma ingerência indevida nos assuntos internos do país vizinho.

Lugo rejeitou as sanções econômicas
O próprio presidente deposto, Fernando Lugo, declarou-se contrário à proposta de sanções econômicas. Ele lembrou que o país tem alta dependência econômica do bloco. Brasil, Argentina e Uruguai absorvem 55% das exportações do Paraguai. Para ele, qualquer medida econômica, como a suspensão dos vários acordos de cooperação e financiamento, atingiria duramente o sofrido povo paraguaio.

Essa é a primeira vez desde a formação do Mercosul, de 1991, que um dos países membros é proibido de participar da reunião e é suspenso do bloco. A medida é baseada num protocolo assinado no final dos anos 1990. Na época, a cláusula democrática do chamado documento de Ushuaia foi feita a pedido do próprio Paraguai após o país viver uma grave crise institucional.

Golpistas e mídia sentem o baque

O governo golpista de Federico Franco já sentiu o baque. O Ministério de Relações Exteriores do Paraguai divulgou nota criticando a suspensão. No maior cinismo, alegou que o país não teve direito de defesa e que a decisão foi sumária – os mesmos argumentos usados pelos que condenam os métodos fascistóides dos golpistas. A mídia colonizada também chiou contra a tímida medida.

Em editorial, o jornal Estadão esbravejou que “o Mercosul será um bloco muito menos comprometido com a democracia se os presidentes do Brasil, da Argentina e do Uruguai decidirem afastar o Paraguai, temporária ou definitivamente, e abrirem caminho para o ingresso da Venezuela, país comandado pelo mais autoritário dos governantes sul-americanos, o presidente Hugo Chávez”.

Na avaliação deste jornal tão servil ao império, afastado o Paraguai, “o Mercosul será governado pelo eixo Buenos Aires-Caracas. Quaisquer compromissos com a democracia serão abandonados e as esperanças de uma gestão racional do bloco serão enterradas”. Os golpistas do Paraguai e a mídia colonizada não toleram o Mercosul, nem com sua branda resolução de Mendoza. Eles preferiam que a região fosse anexada de vez aos EUA, através da neocolonial Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

sábado, 23 de junho de 2012

Dilma deve romper com os golpistas



Por Altamiro Borges


A presidenta Dilma Rousseff, que foi presa e barbaramente torturada, parece indignada com a arbitrária destituição do presidente Fernando Lugo. No encerramento da Rio+20, na tarde de hoje (22), ela deixou explicito a sua revolta. Numa rápida entrevista, Dilma sinalizou que os golpistas do Paraguai poderão sofrer sanções das nações sul-americanas. “Disso [o golpe] sai uma consequência”.

“Nós passamos por um processo muito doloroso de golpe e passamos por um processo de retomada da democracia. Dar valor a ela [a democracia] é algo muito importante”, disse a presidenta. Questionada sobre a possibilidade do Brasil, junto com os demais países membros da Unasul e do Mercosul, romper relações com o governo golpista do país vizinho, ela não descartou a hipótese: “Posso dizer o que está previsto no protocolo, que é a não participação nos órgãos multilaterais”.
Excitação da direita sul-americana
Há consenso no Itamaraty que o Paraguai foi vítima de um golpe. A diplomacia brasileira critica o processo de condenação sumária, em poucas horas e sem o legítimo direito de defesa, de Fernando Lugo. A mesma opinião é compartilhada pela maioria dos governantes da América do Sul – com exceção do neofascista Sebástian Piñera, do Chile. A Unasul inclusive divulgou uma nota oficial condenando o golpe e prevendo possíveis retaliações aos golpistas.
O golpe no Paraguai abre um perigoso precedente na América do Sul, como já alertou o presidente Rafael Correa, do Equador. A direita sul-americana – que expressa os interesses dos ricaços do campo e da cidade e também do império estadunidense, e utiliza a mídia corporativa para difundir suas mentiras – está excitada com o aparente êxito dos golpistas.
É preciso dar um breque nesta perigosa iniciativa. A presidente Dilma Rousseff, pelo papel estratégico que o Brasil desempenha na região, deve mesmo “tirar as consequências” deste repugnante golpe. Com base nos protocolos da Unasul e do Mercosul, tendo como objetivo a defesa da democracia e da integração regional, o governo brasileiro deveria, de fato, propor o rompimento com os golpistas do Paraguai. Esta é a única linguagem que as elites reacionárias entendem!

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Golpe de Estado no Paraguai é afronta aos países democráticos da América Latina



Em menos de 30 horas, o Parlamento paraguaio conseguiu derrubar o presidente da República, FernandoLugo, e empossar o vice-presidente, Frederico Franco, principal opositor ao mandatário deposto. Nenhum ministro da Suprema Corte se pronunciou acerca do golpe de Estado em curso. Nenhum setor militar se rebelou contra o retrocesso democrático. Pela expressão de surpresa do líder impedido, nenhum informe dos setores de inteligência daquele país o informaram que 99% do Congresso o estavam prestes a lhe puxar o tapete.

A desestabilização de Lugo, iniciada desde a eleição dele mas intensificada há uma semana, por um massacre de sem-terra nos rincões do país, perto da fronteira com o Brasil, não serviu de alerta ao presidente para mobilizar a sociedade organizada e as instituições. Sequer comentou com aliados de primeira hora como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, amigo pessoal, da situação tensa em que vivia. Lugo, ao que tudo indica, foi tragado em um bem engendrado plano para afastá-lo, aproveitando-se de uma posição aparentemente isolada, distante das bases que sustentaram sua vitória nas urnas.

Um país dividido entre dois partidos, ambos de direita, mostra à América Latina o quanto é frágil a democracia no continente. A reação popular dos paraguaios, de espanto, primeiramente, não pode ser avaliada ainda, mas deixa para os próximos dias um suspense no ar, que torna irrespirável a atmosfera de frustração e incredulidade que ora inunda o país vizinho. A aparente tranquilidade do inquilino, despejado do Palacio de los López por interesses aos quais não respondeu, durante seus quase três anos por lá, deve-se ao adestramento nas décadas de serviços prestados à Igreja Católica, de onde saiu como bispo. Apesar do olhar fixo no horizonte, porém, apontou em seu discurso que as forças do narcotráfico e do grande capital foram os principais algozes do seu fracasso. Fracasso ao qual parece ter respondido muito prontamente. Sem luta. Sem resistência.

Lugo, de saúde tão frágil quanto a sua capacidade de levantar os movimentos sociais em defesa das conquistas democráticas, diz que sai pela porta principal dos corações paraguaios. Mas sai. Não cogitou, sequer um minuto, mobilizar a nação para assegurar uma trincheira que não apenas ele representava, mas às forças populares submetidas a mais de seis décadas de abusos por parte da elite. A mesma elite, branca e rica, que festeja aos abraços, nos acordes do hino nacional, protegida pela polícia que a defende e mantém a salvo da fúria popular, concentrada a poucos metros dali, na Plaza de Armas.

Um golpe de Estado assim, às claras, não pode ficar sem resposta dos países que respeitam a vontade legítima das urnas e sabem que a ameaça ora concretizada naquele pequeno país sul-americano pesa sobre os governos eleitos democraticamente. Exige uma resposta dura. Eficaz. É evidente que os Estados Unidos estarão na primeira fila de cumprimentos à nova administração, ao lado de seus asseclas. As tais ‘forças ocultas’, que andam soltas ao Sul do Equador, conseguiram cravar a baioneta – disfarçada de maioria parlamentar – em uma nação estratégica para seus interesses na região. Mas precisam saber que não será fácil mantê-la. Têm que aprender, de uma vez por todas, a se curvar diante a soberania dos eleitores, e não à vontade dos dólares e do latifúndio.

A União das Nações Sul Americanos (Unasul) terá que dizer, agora, ao que veio. Ao que se propõe. Se a um clube de ótimos convescotes ou a organização dos países dispostos a enfrentar os desmandos da minoria vendida aos interesses inconfessáveis do imperialismo.

Ou repudia o golpe, ou vira geléia.

Gilberto de Souza é editor-chefe do Correio do Brasil.

Golpe no Paraguai é confirmado


Por Altamiro Borges 
O Senado do Paraguai, controlado por forças de direita, acaba de aprovar o impeachment do presidente Fernando Lugo. O golpe de Estado, mascarado de “saída institucional”, teve o voto favorável de 39 senadores – quatro votaram contra a destituição e dois se abstiveram. O vice-presidente Federico Franco, que há muito investia na desestabilização do governo, deverá assumir o cargo.

O julgamento sumário do presidente democraticamente eleito teve início às 13h30 (pelo horário de Brasília) e durou apenas cinco horas. Os advogados de Fernando Lugo tiveram menos de duas horas para apresentar a defesa. Na verdade, a decisão golpista já havia sido tomada bem antes – com o apoio das reacionárias elites urbanas e rurais e da mídia empresarial do Paraguai.
Condenação sumária
Lugo foi acusado por “mau desempenho” de suas funções e pelo recente conflito agrário no país, em Curuguaty, que resultou na morte de 11 camponeses e seis policiais. Lugo chegou a apresentar uma ação de inconstitucionalidade à Suprema Corte de Justiça para suspender o julgamento político. Conforme denunciou o advogado do presidente, Emílio Camacho, “o que está acontecendo aqui não é um julgamento, é uma condenação. É a execução de uma sentença”.

Em entrevista à Rádio 10, da Argentina, Lugo criticou a decisão e disse que estimulará a resistência, “a partir de outras instâncias organizacionais... Certamente decidiremos impor uma resistência para que o âmbito democrático e participativo do Paraguai vá se consolidando”, afirmou. Para ele, o que ocorreu hoje no Senado “não é mais um golpe de Estado contra o presidente, é um golpe parlamentar disfarçado de julgamento legal, que serve de instrumento para um impeachment sem razões válidas que o justifiquem”.

Reação da Unasul
Em frente ao Congresso Nacional, em Assunção, milhares de pessoas se concentraram para condenar o golpe. Houve protestos também em frente à residência do golpista Federico Franco. Organizações populares prometem intensificar as manifestações nos próximos dias, exigindo o retorno da democracia.

Pouco antes da condenação sumária, a União das Nações Latino-americanas (Unasul) divulgou nota oficial afirmando que a destituição de Fernando Lugo constitui “uma ameaça à ordem democrática” e anunciou que os países membros poderão romper as relações de cooperação com o Paraguai. A estatal petrolífera venezuelana, PDVSA, antecipou que poderá cancelar os repasses de combustível feitos à Petropar.

O golpe no Paraguai abre um perigoso precedente na América do Sul. Fernando Lugo foi eleito presidente em 2008 com 41% dos votos, interrompendo uma hegemonia de seis décadas do Partido Colorado e o domínio do país por forças direitistas da elite. Com todas as dificuldades do seu governo, sempre boicotado pelo parlamento, o “bispo dos pobres” representava a esperança de mudança para o sofrido povo paraguaio. O golpe visa conter a guinada progressista no continente.

Golpe de estado no Paraguai: Golpe sumário travestido de ato legal


É surpreendente, mas nem tanto, a decisão do Congresso paraguaio em realizar um processo de impedimento contra o presidente Fernando Lugo. No final de 2009 já surgiram fortes rumores de que o Legislativo tentaria tirar Lugo do poder por meio de instrumentos legais para colocar em seu lugar o vice-presidente, Federico Franco, do PLRA (Partido Liberal Radical Autentico).

Naquela época, já se esboçava a hipótese entre políticos do Partido Colorado (conservador) e do PLRA, supostamente aliado ao governo, em destituir Lugo de forma muito similar à que ocorreu nesta quinta-feira 21. Os próprios parlamentares impetraram processo contra o presidente que seria destituído, então, por meios constitucionais. A justificativa maior para depor o Presidente paraguaio era que o país deveria ser mais atraente aos investidores estrangeiros.

Pois bem, de acordo com dados da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), desde quando Lugo assumiu os investimentos estrangeiros líquidos praticamente triplicaram. Para se ter uma ideia, em 2007, quando o partido Colorado comandava a política e a economia paraguaia, as inversões líquidas internacionais chegaram a US$ 199 milhões. Com Lugo, já em 2009, esse número saltou para US$ 225 milhões; em 2010, para US$ 389 milhões; e, em 2011, para US$ 566 milhões. Portanto, na época e atualmente, a justificativa da oposição era facilmente combatida.

Agora, Lugo é acusado de má gestão do país, em especial em relação a um confronto entre policiais e trabalhadores rurais em uma fazenda no último dia 15, que terminou com 17 mortos. Ainda assim, continuam pesando contra Lugo o argumento de que a economia vai mal.

Pois, então, avaliemos alguns dados econômicos paraguaios. Realizando-se uma comparação entre os anos de 2010 e 2011, observa-se um aumento médio nos salários de 8,7%, sendo os setores de comércio (11,5%) e intermediação financeira (10,5%) que obtiveram as maiores elevações. O salário mínimo paraguaio aumentou 2,7% e corresponde a pouco mais de R$ 660,00. No que diz respeito à inflação, ocorreu uma redução de 7,2% em 2010, para 4,9% em 2011. Após apresentar o maior crescimento da América Latina em 2010 (15%), no ano seguinte o PIB (somatória de todas as riquezas de um país) paraguaio elevou-se em 3,8%, representando um incremento de 2,3% do PIB per capita.

Esse resultado reflete, por um lado, o contínuo dinamismo do setor agrícola e, por outro lado, o baixo desenvolvimento, de setores como a pecuária e construção civil. No mesmo período, observou-se uma elevação das despesas públicas e, ao mesmo tempo, a elevação das receitas do governo, o que contribui para um superávit primário das contas do governo de 0,8% do PIB. As exportações, em uma comparação entre 2010 e 2011, registaram crescimento de 23,1%, enquanto a alta das importações foi de 21,5%. O déficit em conta corrente caiu para 2,1% do PIB, representando uma melhora em relação ao ano de 2010, quando foi de 6,1%. Portanto, não há nenhum problema de má administração, ou que lhe desabone que justifique o seu impedimento em permanecer como presidente.

A questão central é que, primeiro; a maioria dos deputados que desejam o impedimento de Lugo são proprietários de grandes latifúndios e a situação da oligarquia paraguaia se tornou insustentável quando o presidente colocou em debate questões tão sensíveis como a reforma agrária. Além do que, esse movimento dos partidos Colorado e Liberal Radical Autêntico (responsáveis pelo processo de impeachment na Câmara de Deputados e no Senado) foi planejado para atrapalhar as eleições presidenciais de 2013.

O que está representado e configurado é um golpe sumário travestido de ato legal. A política é para ser debatida, discutida, dialogada, algo que o Congresso paraguaio, infelizmente, não está disposto a fazer. Espera-se que as forças políticas internacionais e nacionais mantenham Fernando Lugo na Presidência e que as divergências políticas resolvam-se de forma direta pela vontade popular nas eleições que já estavam programadas, em março de 2013, muito antes dessa crise ter atingido seu ápice.

Cebrapaz repudia tentativa de Golpe de Estado no Paraguai

O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos em Luta pela Paz, Cebrapaz, emitiu, nesta sexta-feira (21), uma nota de apoio ao povo paraguaio, que vê seu presidente, Fernando Lugo, legitimamente eleito em 2008, ser vítima de um golpe de Estado parlamentar. Segue a íntegra do documento:

O Cebrapaz repudia veementemente e condena qualquer tentativa de Golpe de Estado no Paraguai.
Denunciamos que a manobra de convocar um processo de impeachment do Presidente Fernando Lugo, aproveitando-se da comoção gerada pelo massacre em um processo de desocupação de uma fazenda Curuguaty, é um desrespeito à democracia do país e uma atitude que remete aos anos de chumbo das décadas de 1960 e 1970, quando a América Latina foi coberta por ditaduras financiadas pelo imperialismo dos EUA.

 Em todos os países da região onde foram eleitos governos progressistas houve tentativas de golpe: na Venezuela, na Bolívia, no Equador e agora no Paraguai. Deter mais este movimento das forças conservadoras do continente é conter também o avanço do imperialismo na região, que após articular um golpe com características similares em Honduras, volta-se agora para a América do Sul. É importante destacar que o imperialismo tem interesses claros no país, especialmente na tríplice fronteira com o Brasil e a Argentina.

Solidarizamos, dessa forma, com o povo paraguaio e nos somamos às vozes que condenam este vil ato de rompimento da ordem institucional do país através de um Golpe de Estado.

Em defesa da ordem democrática e institucional do Paraguai!

Pelo cumprimento integral do mandato do presidente Fernando Lugo!

Contra qualquer tentativa de Golpe de Estado!

Pela paz na região!

Socorro Gomes,
Presidente do Cebrapaz

O primeiro teste da Unasul


Inexiste qualquer dúvida de que está em curso no Paraguai uma tentativa de golpe “constitucional” nos moldes do que foi aplicado em Honduras há alguns anos, quando o presidente foi deposto em um rito sumário que durou poucas horas e sem direito a defesa.

No Paraguai, o golpe “constitucional” tenta se revestir de alguma aparência de legalidade, mas peca pelo que marca esse tipo de processo: o açodamento, a pressa em concluir logo a deposição do governo a fim de evitar reações da comunidade internacional.

Para que se tenha idéia do absurdo do golpe que está sendo perpetrado no Paraguai sob desculpa de confronto entre o exército e sem-terras por responsabilidade do presidente Fernando Lugo, isso equivale a tentarem derrubar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pelo massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996.

Mais absurdo ainda é o fato de que o governo Lugo defende a reforma agrária, tendo sido o confronto um choque entre forças igualmente armadas, segundo alega o exército paraguaio.

Diante disso, os países membros da União de Nações Sul-Americanas – Unasul, cumprindo o protocolo de intenções firmado em 2008 por Argentina, Bolivia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela, despacharam seus chanceleres para Assunção também em tempo recorde, o que revela que a Organização possui, ao menos, uma visão política unificada e um conselho deliberativo ágil.

A rápida ação da Unasul decorre do Protocolo sobre Compromisso com a Democracia firmado em 2010 na cidade de Georgetown, na Guiana. O protocolo reza que os estados-membros da Unasul não tolerarão desafio à autoridade institucional ou tentativas de golpe ao poder civil legitimamente constituído.

A boa notícia para o governo do Paraguai é que os membros da Unasul firmaram acordo que os obrigará a adotar medidas concretas e imediatas em caso de violação da ordem constitucional em qualquer país integrante da aliança.

Entre as sanções políticas e diplomáticas previstas pelo protocolo da Unasul, destacam-se suspensão do país sob ameaça de golpe do direito de participar nos diferentes órgãos e instâncias da Unasul, fechamento parcial ou total das fronteiras terrestres com o Estado afetado, incluindo a suspensão ou limitação do comércio, transporte aéreo e marítimo, comunicações, fornecimento de energia, serviços e abastecimento.
Todavia, não é tudo. Em caso de confronto entre forças legalistas e golpistas, ao menos em tese poderia ser acionado o Conselho de Defesa Sul-Americano, proposto por Venezuela e Brasil para servir como um mecanismo de segurança regional sobretudo contra golpes de Estado.

O Paraguai vem de uma longa história de golpismo. O último golpe de Estado ocorreu em 1999. E, como se viu no caso do golpe de Estado em Honduras, Estados Unidos e a imprensa latino-americana certamente ajudarão os golpistas paraguaios.
O noticiário da Globo, por exemplo, dissimula fatos sobre a tentativa de golpe não deixando claro que estão querendo derrubar um governo em horas, sob verdadeira encenação no Congresso, quando um processo de impeachment costuma levar meses.

A ameaça à democracia latino-americana contida na tentativa de golpe no Paraguai já se faz notar aqui no Brasil. O deputado baiano José Carlos Aleluia, vice-presidente do DEM nacional, comemorou o golpismo paraguaio no Twitter ao insinuar que pode se reproduzir por aqui.

Nos próximos dias, portanto, a Unasul enfrentará seu primeiro e decisivo teste. Se fracassar em frear o golpismo à paraguaia, estimulará golpistas de toda a região a se assanharem. Se for bem sucedida, os ímpetos antidemocráticos na região sofrerão duro golpe.

Fernando Lugo anuncia que vai entrar na Justiça contra "golpe" no Paraguai



O Presidente do Paraguai, Fernando Lugo, vai apresentar nesta sexta-feira (22/06) ação de inconstitucionalidade contra o processo de impeachment aberto pelo Legislativo à Suprema Corte paraguaia, informou a Agência Efe.

Lugo declarou à rede televisiva Telesur que a decisão dos legisladores paraguaios foi inconstitucional uma vez que não respeitou os devidos procedimentos legais e acrescentou que está sendo vítima de um “golpe de Estado expresso”.

Unasul 


Os presidentes dos países membros da Unasul (União das Nações Sul-americanas) decidiram enviar seus chanceleres à capital do Paraguai, Assunção, para acompanhar a crise política no país. A reunião de emergência da Unasul foi realizada na tarde de hoje no Rio de Janeiro, em meio à Rio+20, Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, que estará na comitiva de chanceleres, disse que os presidentes da Unasul defenderam a manutenção da “estabilidade e o pleno respeito à ordem democrática do Paraguai”, mas evitou usar a expressão “golpe de Estado” para se referir ao levante no Parlamento do país.

Já o presidente da Bolívia, Evo Morales, foi mais direto e convocou “os povos indígenas e movimentos sociais da América Latina” a se levantarem para defender a democracia no país vizinho. "Este golpe que está se formando no Paraguai contra um presidente democraticamente eleito e apoiado pela maioria de seu povo é um crime contra a consciência das pessoas e dos governos que agora conduzem mudanças profundas em seus países de forma pacífica", disse Morales.

O presidente do Equador, Rafael Correa, qualificou como "gravíssima" a decisão do Parlamento paraguaio e disse que, embora o processo de impeachment possa ter previsão jurídica, "há coisas que são legais mas não são legítimas".

Racha político

A abertura do processo ainda precisa ser aprovada pelo Senado paraguaio, que assim como a Câmara dos Deputados, é dominado pela oposição do conservador partido Colorado.

A aprovação do processo de impeachment teve o apoio decisivo do Partido Liberal, que integrava o governo. Ao jornal La Nacion, o ministro de Indústria e Comercio, Francisco Rivas disse que a decisão de seu partido foi “um retrocesso muito grande”. Com a defecção dos liberais, Riva deixou o cargo. “Não quero dizer que meu partido se equivocou ou não ao apoiar o julgamento político. Há que sentar e conversar para resolver os problemas”, disse.

Em sua declaração oficial (veja íntegra abaixo), Fernando Lugo disse que sua primeira disposição é “resguardar a vontade expressa nas urnas e evitar que uma vez mais na história da República um feito político roube o privilégio e a soberania da suprema decisão do povo”.

Lugo pediu ao Parlamento que respeite regras e prazos constitucionais, que lhe garantam o direito de uma “justa e legítima defesa”.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

PT tenta suicídio em São Paulo



O desastre eleitoral que se abateu sobre o PT paulistano não poderia ser mais grave se a mídia e o PSDB o tivessem planejado. Por isso, a candidatura de Fernando Haddad sofreu um ferimento mortal do qual poderá até se recuperar, mas não será fácil.
A aliança entre o PP e o PT paulistanos, por si só, era difícil de aceitar. Mas a foto de Lula, Paulo Maluf e Haddad confraternizando entre si tornou intragável o que já era difícil de engolir. Além disso, a imagem será usada pelos adversários de Lula até o dia em que ele permanecer na política.
Dirão que a culpa é toda de Lula porque foi dele a decisão de fazer a aliança maldita “com Maluf”. Todavia, não é verdade. Apesar da falta de percepção do ex-presidente sobre a política paulistana Erundina poderia ter resistido, pois sabia da aliança.
Desistir da chapa de Haddad não isentou a ex-prefeita. Ela atribui tudo à foto, mas se aceitou a aliança contanto que não houvesse foto sugere que se tivesse sido feito tudo às escondidas não se importaria de estar ao lado de Maluf. A emenda saiu pior do que o soneto.
Se Erundina não tivesse renunciado haveria muito burburinho, mas, em alguns dias, tudo teria sumido. Contudo, como ela parece não ter convicções de seus atos deixou-se intimidar por uma militância embriagada, incapaz de enxergar prioridades.
Sim, a aliança com o PP de São Paulo é repugnante porque quem manda no partido, aqui, é Maluf. Em nível federal o partido não é dele, mas, em São Paulo, é. Todavia, a militância entregar o jogo por uma foto é condenar a cidade a continuar piorando.
Sem um bom prefeito, São Paulo continuará piorando. Caso Serra vença, o rumo em que a cidade está será mantido porque é ele quem a governa desde 2004. Se o eleito for Russomano,  Chalita ou Soninha talvez seja até pior, pois nenhum deles é administrador como o tucano ou Haddad.
A militância não quis saber. Agiu como manada. Insuflada por militantes tucanos travestidos de “petistas arrependidos”, começou a propagar slogans contra Erundina até que ela se deixasse intimidar e materializasse o desastre.
Claro que o erro maior foi de Lula. Subestimou a passionalidade da militância e superestimou Erundina e a si mesmo. Além disso, adotou uma postura autocrática ao empurrar Maluf pela goela de todos. Mas ele tem desculpa. Está voltando do inferno.
Não foi por falta de aviso, porém, que essa hecatombe ocorreu. Antes de qualquer um, ainda na sexta-feira passada publiquei post contendo denúncia contra Maluf. No sábado, elenquei as razões pelas quais aquela aliança maldita seria ruim. Mas não fiz escarcéu.
Todos poderiam ter marcado posição sobre a inconveniência da aliança, mas não era preciso fuzilar Erundina até que seu lado titubeante aflorasse.
Agora, se a candidatura Haddad não resistir, São Paulo pode vir a ter um prefeito pior do que Kassab  caso Serra não se eleja – ele ainda seria menos ruim do que seu pupilo. Seria pior, pois, um Russomano vencer. Ou, no limite do impensável, uma Soninha.
Todavia, há um fio de esperança. Conhecendo o povo de São Paulo, é mais do que certo que expressiva parcela da população não considera que se aliar a Maluf é se aliar ao demônio. Muito pelo contrário. O prejuízo real, portanto, pode ter sido pequeno ou até zero.
A menos, é claro, que a militância petista continue dando uma banana para São Paulo e fazendo jogo de cena sobre a aliança com o PP paulistano…
Por outro lado, talvez tenha sido bom Erundina não ser vice de Haddad. Ela seria um foco permanente de crises ao se deixar guiar pela mídia ou pelas redes sociais da internet. Ninguém consegue governar ouvindo só a opinião pública.
Por outro lado, bom seria se o comando da campanha de Haddad não continuasse repetindo as burradas da campanha de Marta Suplicy em 2008, que, como agora, decidiu jogar sua história no lixo usando as mesmas armas que os adversários – ou seja, o preconceito.
Usar o preconceito contra Kassab em 2008 ou se aliar ao restolho da política brasileira em 2012 são faces da mesma moeda, a moeda da ânsia de obter a vitória a qualquer preço. E o que é pior: apelando para “atalhos” que não se tem segurança sobre aonde vão dar.
Há um só caminho para Haddad vencer a eleição: há que fazer o povo pensar em sua vida e convencê-lo de que sabe como melhorá-la. Jogadas políticas espertalhonas são o campo em que a direita midiática joga. Não dá para vencê-la nesse campo.
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O Blog ficou 24 horas fora do ar para migração do servidor. Era para ser meia dúzia de horas, mas tudo deu errado. E o pior: o servidor novo não funcionou e tive que voltar pro antigo – mas vou resolver isso. Contudo, tomara que esta semana termine logo.