segunda-feira, 13 de junho de 2011

A máscara de Cabral


O farsante Governador Sérgio Cabral passou dos limites. Eleito no primeiro turno com uma expressiva votação, proporcional aos milhões de reais gastos em sua campanha, financiado por grupos econômicos que não pregam prego sem estopa, Cabral se indispôs com os bombeiros, que ganham salários aviltantes, o mais baixo do Brasil com R$ 950,00 iniciais, e tentaram durante meses abrir um canal de negociação para reparar a injustiça.

Como não foram atendidos decidiram ocupar o Quartel General da corporação, no centro do Rio de Janeiro, junto com seus familiares e algumas horas depois baixou a repressão, por ordem do Governador, de forma extremamente violenta, exatamente como nos tempos da ditadura. Os bombeiros dizem que o Governador tem raiva da categoria porque em 2008 recebeu uma tremenda vaia em um ato em que a categoria estava presente.

Foram destacados soldados do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) que ao invadirem (aí se aplica o termo) o QG dos bombeiros utilizaram até armas letais ferindo mulheres e crianças. Entraram pelos fundos, jogaram bombas e deram tiros, na base do prende e arrebenta. Saldo: 439 bombeiros presos, que ficaram por seis dias em condições precárias em um quartel de Charitas, em Niterói, mas acabaram soltos por decisão do Tribunal de Justiça do Rio, graças a um habeas-corpus impetrado por três deputados (Protógenes Queiroz, do PC do B de São Paulo, Alessandro Molon (PT-RJ e Doutor Aloyzio (PV-RJ). Mas seguem presos 14 bombeiros num quartel em Jurujuba, Niterói, e nove na Polinter.

Não contente com o que mandou fazer, Cabral ofendeu os bombeiros chamando-os de vândalos. Não é a primeira vez que usa esse linguajar contra trabalhadores. Já havia ofendido os médicos ao considerá-los vagabundos e os professores de preguiçosos.. E fica apoplético quando alguém cobra de que forma adquiriu uma casa num luxuoso condomínio em Angra dos Reis, incompatível com o salário de cargo político.

Os professores do Estado do Rio entraram em greve por tempo indeterminado. Não será nenhuma novidade se Cabral repetir o que sempre faz quando é contestado, ou seja, ordenar repressão e ofender categorias profissionais. Já reprimiu também professores nas escadarias da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, e tudo ficou por isso mesmo. E ainda tem coragem de dizer que é democrata, repetindo a fala de generais de plantão na época da ditadura. 

E nesta história vale também assinalar o papel lamentável de partidos que em anos passados combatiam exatamente o tipo de violência ordenada por Sérgio Cabral. Pois é, PT, PDT, PC do B e PSB, considerados de esquerda, apoiam e participam de um governo que reprime trabalhadores. E usam a dialética para justificar a prática fisiológica. Ficarão mal na história se continuarem com esse procedimento e ainda por cima ocupando cargos na administração estadual.

Estes partidos estão perdendo o tempo da história e não perceberam que a opinião pública, mesmo os que votaram em Sérgio Cabral começam a entender que caíram no conto do vigário, ou melhor, de Sérgio Cabral.

http://demo.todarede.com.br/drmedia/CqE7cyy5hjQSXRrhCh45UFNNSJsze32ohhO8HLw6T.jpgMário Augusto JakobskindÉ correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE Direto da Redação


Um comentário:

  1. Os bombeiros assim como qualquer categoria têm o direito de pedir melhoria salarial, ocorre que por servirem junto com a PM, sob regime militar, lhes é vetado o direto à greve. Nos últimos dias o que tenho visto no Rio é um circo. Uma categoria que vem sendo “doutrinada” por políticos faz meses, chega ao ponto de rasgar sua lei militar, invadir um quartel, ocupar e inutilizar viaturas.
    Ora, isso é inadmissível em um estado de direito. Imaginemos se médicos decidem fazer greve, invadir hospitais, furar pneu das ambulâncias e trancar as portas; E se um dia policiais em greve ocuparem os presídios e ameaçarem soltar os presos? Não obstante, teríamos ainda a possibilidade de Soldados do exército em greve, colocarem tanques para obstruir vias. Pergunto: Onde a sociedade vai parar? É esse o precedente que a sociedade deseja abrir com os bombeiros?
    Para que não corramos esse risco há uma legislação militar que rege as FFA, Bombeiros e a PM. Independente de qualquer pleito salarial, ela tem de ser respeitada. No momento em que a sociedade permitir que essa lei seja ignorada, estará pondo em risco sua própria ordem.

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