terça-feira, 31 de maio de 2011

Reta Final das eleições no Peru



Os candidatos presidenciais peruanos participaram do último debate antes das eleições do segundo turno. O debate foi a última oportunidade para atrair os votos dos indecisos. Segundo as pesquisas de opinião, existe empate técnico. teleSUR





A eleição no Peru entra na reta final. Ollanta Humala, nacionalista de cento-esquerda, enfrenta a filha de Fujimori, Keiko. Entre os mais pobres e no interior, Ollanta lidera. Mas Keiko leva a melhor na classe média e na capital Lima. Ollanta usa a rede pra falar diretamente com os jovens, para encurtar diferença em Lima… Os dois estão empatados nas pesquisas, com ligeiríssima vantagem para Keiko.


A batalha de Ollanta Humala contra "La Prensa"
Todos foram unânimes em afirmar que uma vitória de Ollanta representa o atraso, a incerteza e o alinhamento ao “eixo do mal” sulamericano, Chávez, Evo e Kirchner.
O medo disseminado passa, necessariamente, pela associação de Ollanta com estes governantes populares.  Neste programa da RPP não havia posicionamentos dissonantes daquele apresentado, não havia ninguém da equipe de Ollanta para rebater e discutir em condições, mínimas, de igualdade.  Não havia o direito ao contraditório, à diversidade de pensamento.  Mas o pior é perceber que isso não ocorre somente na RPP, alguns jornais impressos também praticam este jogo antidemocrático.
Mas o mais irônico de tudo isso é que tais agentes conservadores, abrigados na imprensa peruana, que acusam Ollanta de ser autoritário, ou de ter inclinações autoritárias, fazem debates totalmente antidemocráticos, negando ao seu opositor a oportunidade do debate e da negação do que é afirmado contra sua candidatura.
As pessoas estão sendo, diariamente, bombardeadas com informações sobre uma “venezualização” do Peru e do caos de uma mudança do “modelo econômico peruano”.  É uma prática impiedosa e desleal para um processo eleitoral em uma plataforma genuinamente democrática.
A imprensa peruana e os grupos políticos locais, sabem que o medo de uma “Chavinização do Peru” já está implantado na cabeça das pessoas.
Todas as pessoas com quem conversei, em Cuzco e Lima, parecem inclinar-se ao voto em Keiko, não por convicção em suas propostas, até porque sempre lembraram que uma vitória dela significaria a liberdade imediata do “ditador” Fujimori, seu pai, como algumas pessoas se referiram a ele.  Mas parecem temer mais uma “tal” mudança do “modelo econômico” alarmado pela imprensa.

As pessoas com quem dialoguei logo que souberam que era do Brasil lembravam: Ronaldo “Fenômeno”, Copacbana, samba, futebol e Lula!

Pois é, Lula é uma marca da democracia brasileira, um produto de governo democrático e de esquerda nesta parte do continente, as pessoas o reconhecem e o respeitam como modelo bem sucedido de govenança popular.  Ou seja, Lula poderia ser o antídoto de Ollanta contra a selvageria histérica dos que o acusam de estar a serviço de “Chávez”. Não sou partidário da demonização de Chávez, creio no seu governo renovador e democrático, mas também creio que, em um embate tão desigual e conflituoso como este, Lula seja o exemplo a ser copiado, uma aspiração coletiva e pacífica de mudança das condições sociais, em que pese o bom momento da economia peruana, ainda é extremamente concentrada a distribuição de riquezas, o que talvez explique porque o cuzquenho não pode visitar Machu Pichu.
Ollanta publicou o “Compromisso por el Peru”, uma versão peruana da “Carta ao povo brasileiro” que Lula precisou escrever para “acalmar o mercado” e neutralizar seus críticos junto ao eleitorado.
Mas não foi suficiente para diminuir a sanha de seus opositores e da imprensa local, logo foi instado por Pedro Pablo Kurcinski, o PPK, a firmar um “Pacto por El Peru”,uma grande armadilha política, baseada em termos ligados a manutenção da democracia e pilares macroeconômicos liberais, o que inutilizaria todo o discurso renovador de sua candidatura, limitando suas aspirações de equidade social, pelos compromissos fiscais atuais ora vigentes.  Keiko logo correu para firmar o proposto por PPK, terceiro colocado no primeiro turno e disputado pelo apoio no segundo turno.


De qualquer maneira, a batalha de Ollanta será dificílima, mas não impossível, o efeito Lula, bastante omitido no noticiário local, poderá ajudá-lo, porque a demonização de lideranças políticas importantes na América do Sul como Chávez, Evo, Kirchner e Correa já foi bastante “concretado” no pensamento da população local, principalmente sobre a classe média, e isto é impressionante.
Se a imprensa conservadora brasileira quisesse graduar-se mais no ofício de desinformar e amedrontar a opinião pública, seria no Peru que poderia buscar tal especialização.




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