quarta-feira, 11 de maio de 2011

Ao azul eterno da esperança de Rosário


Luiz Edgard Cartaxo de Arruda Júnior
Memorialista cartaxoarrudajr@gmail.com – Editor do blog da Dilma em Fortaleza Ceará.
Há muito acompanho com entusiasmo vibrante a trajetória política da gaúcha Maria do Rosário, Ministra dos Diretos Humanos do Brasil, que veio ao Ceará na manhã do dia 06 de maio dar posse na instalação da Coordenadoria de Políticas Públicas em Direitos Humanos do Estado do Ceará ao seu primeiro gestor, o advogado Marcelo Uchôa. Que começa bem com a sábia escolha do governo Cid Gomes. A posse foi no Palácio da Abolição, sede do governo do Estado.
Não conhecia a ministra pessoalmente o que aconteceu à tarde na sede do Poder Legislativo, quando apertei a sua mão e vi seus olhos e ao ouvi-la lembrei-me instantaneamente da primeira vez que ouvi Don Hélder Câmara no Seminário da Prainha, no começo dos anos de chumbo, e foi justamente falando a poesia sobre “os olhos de esperança de Maria a mãe de Jesus Cristo…”. Acontece que os olhos de Maria do Rosário são azuis e os olhos que Dom Hélder via em Maria eram verdes, eu acho, mas bem que poderiam ser azuis como os da Secretária de Direitos Humanos da Presidente Dilma, impregnando a esperança de eternidade na busca da verdade. E os olhos e as palavras de Maria do Rosário têm a plena serenidade da certeza de que vai fazer justiça à memória de Rubens Paiva (disse ela na abertura da exposição itinerante patrocinada pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da Republica), por meio do Projeto: Direito à Memória e à Verdade, Eixo 6 do III Plano Nacional de Direitos Humanos, denominada: Não tens epitáfio / pois és Bandeira /Rubens Paiva Desaparecido desde 1971 do dia 06 a 16 de Maio de Fotografias e histórico do deputado paulista sequestrado pela ditadura no hall de exposição da entrada da Assembleia Legislativa do Ceará, onde Maria do Rosário apresentou o evento e falou ter conhecido e ouvido suas duas netas, perguntando pelo avô desaparecido. Que até podem dizer essa é a vingança: a busca da memória e do corpo do avô Deputado Ruben Paiva. “ A maior vingança é viver bem” dizia Millôr Fernandes sobre como enfrentar a ditadura. E não há nada para o viver bem, como os netos perguntando pelo avô. Mas frisou Maria do Rosário que: “a Secretária de Direitos Humanos e a presidente Dilma iriam fazer sim à justiça. Pois ela é que é de direito. E não a vingança”.
Quando Maria do Rosário falou sobre Cesare Battisti, na exposição sobre Rubens Paiva na Assembleia Legislativa, numa tribuna colocada
pelo deputado do PSB Roberto Cláudio, presidente da Casa do Povo do Ceará, na abertura da exposição, feita pela Assembleia a pedido do
gabinete da deputada socialista Eliane Novais.
A Presidência do Poder Legislativo permitiu ao Grupo Crítica Radical comandado pelas três mosqueteiras do Ceará: Maria Luiza Fontenele, Rosa da Fonseca, Célia Zanetti que são bem mais de quatro a desfraldar uma faixa: O CASO BATISTI/ uma mancha vergonhosa e inapagável cobre o Brasil. Todos de negro, em sinal de protesto, logo depois da ministra da Secretaria de Direitos Humanos ir formalmente à
presidência voltou ao hall da exposição e antes de ir a audiência, parabenizou a eficiência do cerimonial de Teresa Borges e diante da
faixa sobre Cesare Batisti disse: “O Supremo tem que cumprir a vontade e determinação expressa e firmada pelo presidente Lula e
solta-lo”. Mas, pelo que senti, só faltou ela dizer que o Estado estava sequestrando a liberdade de Cesare Batisti, proferida pelo
presidente da república em pleno exercício de mandato e com pleno direito de libertá-lo. São coisas que um ministro de estado não pode
dizer nesse tom e ela não disse, mas é assim que sei e gosto de entender. Parecia que agia diante do Supremo com a mesma indignação
que assisti na TV ela enfrentando o escroque do Bolsonaro.
Dirigiu-se a audiência publica solicitada pelo gabinete da deputada Eliane Novais a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Ceará onde estava o presidente do Poder Deputado Roberto Claudio que abriu a solenidade desfraldando um verdadeiro rosário de merecidos elogios a valorosa ministra dos Direitos Humanos da nossa republica, presidindo a mesa da audiência pública de Políticas dos Direitos Humanos no Brasil no Auditório I Manoel de Castro que encontrava-se super lotado. O discurso de Maria do Rosário é abrangente onde me pareceu que seus lindos olhos azuis não via com bons olhos o que pretendem fazer nos verdes do Belo Monte, foi o que deixou no ar suas palavras durante a audiência publica, num bom e claro tom. O que mais me impressionou na ministra Maria do Rosário foi a franqueza de sua transparência para com tudo e a perplexidade com que traduzi a sua indignação na busca da verdade, e a calma dessa
convicção, na certeza desse fazer. “Algumas pessoas insistem em dizer que os direitos humanos só servem para bandidos. É preciso romper com esse conceito e com essa errônea afirmação. Os direitos humanos são de todos os cidadãos ”.
E as denuncias que fez quando disse que de fato no Brasil nascem mais meninos que meninas e que se há mais mulheres que homens e que os homens morrem mais e a grande maioria na adolescência e negros e frutos da violência. Maria do Rosário é bem diferente da maioria desses políticos que só falam água com açúcar e sabão ela é concreta, sintética, forte consistente. Se tem uma coisa certa que entendi sobre Maria do Rosário é que: ela não é vazia.
Durante a audiência a ministra Maria do Rosário pediu licença com elegância e diplomacia para quebrar o protocolo (pois segundo ela: a Secretaria de Direitos Humanos do Brasil não gosta de deixar ninguém de fora) e convidar para compor a mesa a ex-deputada e ex-prefeita de Fortaleza, dirigente do Grupo Critica Radical Maria Luiza Fontenele e o ex-deputado e ex-ministro de Direitos Humanos do presidente Lula o prefeiturável Mario Mamede a quem saudou com entusiasmo, recebendo aplausos.
Logo em seguida ela sim de fato quebrou o protocolo quando pediu que se erguessem as faixas dos manifestantes dentro do auditório. Isso sim é que é incomum num ministro de Estado. Mais tarde a Maria Luiza me confessou:“ Tai, dessa daí. Eu gostei”. Quando ouvi isso, me confirmou o que eu pensava: essa Ministra dos Direitos Humanos da presidenta Dilma é realmente uma revolucionaria.
Maria do Rosário falou com propriedade e conhecimento de causa, parabenizou a atuação de vanguarda dos cearenses na luta dos direitos
humanos no Brasil. E até lembrou a pioneira e vitoriosa luta pela abolição da escravatura no Ceará citando Redenção e Fortaleza servindo
de exemplo ao país. Levou os documentos entregues pelos que ergueram a faixa que denunciava a tortura na juventude da cidade de Iguatu, do Cedeca Centro de Defesa da Criança e do Adolescente… Ela prometeu, analisar, estudar, tomar providencias… mas garantiu que tudo só se concretizaria com a continuação da nossa luta.
É a pura verdade. Por isso mais uma vez como já fiz através de diversos artigos, ensaios em jornais, revistas e blogs quero aproveitar a oportunidade para solicitar da Secretária de Direitos Humanos da Presidencia da Republica: tome providencias para que sejam retirados das praças, avenidas, ruas, rodovias, prédios públicos, logradouros, vilas e travessas, monumentos, cidades e quaisquer referencia geográfica com o nome dos ditadores da chamada revolução gloriosa e Redentora de 31 de março de 1964. Que não passa na verdade de um golpe dado no 1 de abril o dia da mentira.
Como o nome de Hitler não existe mais na Alemanha e na Europa, o de Mussolini não existe na Itália, o de Franco não existe na Espanha e
o de Salazar não existe em Portugal. Assim como faz todos os países da America do Sul que estão se redemocratizando. Para a democracia se consolidar e os Direitos Humanos serem plenos os nomes dos ditadores devem ser banidos de nossa geografia física político urbana.

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