sábado, 21 de maio de 2011

Cantanhêde atiça a “massa cheirosa”

Por Altamiro Borges


Eliane Cantanhêde, uma das principais colunistas da FSP (Folha Serra Presidente), sempre teve “laços afetivos” com o alto tucanato. Durante a chamada crise do “mensalão do PT”, em 2005/2006, ela foi uma das vozes mais estridentes contra o presidente Lula. Já na campanha eleitoral do ano passado, ela mostrou todo o seu entusiasmo militante com a candidatura de José Serra ao estrelar um vídeo, toda faceira, no qual elogiava a “massa cheirosa” do PSDB.

Confirmada a vitória de Dilma Rousseff, a “calunista” da Folha parecia que havia abandonado seu ativismo tucano. Até andou elogiando a presidenta, tentando colocar uma cunha entre ela, agora uma “estadista”, e o ex-presidente Lula, “o populista”. Mas a trégua durou pouco. Com o episódio envolvendo o ministro Antonio Palocci, que exige rigorosa apuração sobre o seu acelerado enriquecimento, Cantanhêde voltou à carga com o seu oposicionismo.

“Fim da lua de mel”

O alvo dos seus ataques não é nem Palocci, que continua sendo um homem de confiança do “deus-mercado” e dos barões da mídia. O alvo, sem meias palavras, é a própria presidenta Dilma Rousseff. Na sua coluna de ontem (18), ela não esconde sua paixão oposicionista. Já no título, ela é taxativa: “Fim da lua de mel”. Para ela, acabou-se a trégua – que tinha objetivos marotos - e é hora da oposição demotucana intensificar as críticas ao novo governo. 

“Apesar de haver, sim, boa vontade com o início do governo e reconhecimento à discrição e à seriedade da nova presidente, ninguém pode ignorar que o aumento vertiginoso do patrimônio de Antonio Palocci é de deixar qualquer um tonto, principalmente a própria Dilma, já que ele é, nada mais nada menos, chefe da Casa Civil e o ministro mais importante do governo”, afirma Cantanhêde. Para ela, o episódio atinge todo o governo e não apenas o ministro!

Nova líder da oposição

Diante do escândalo, Cantanhêde só lamenta que os “dois principais nomes nacionais tucanos ficam, ora, ora, em cima do muro. José Serra, candidato derrotado por Dilma em 2010, minimizou o boom imobiliário de Palocci, meio na linha ‘deixem o homem trabalhar’. Aécio Neves, provável candidato contra Dilma (ou Lula) em 2014, pede ‘serenidade" em tom ostensivamente governista e diz que não entra em processos de ‘desestabilização do governo’… Cá pra nós, com uma oposição como essa, para que Dilma precisa de uma base aliada tão robusta?”

Deste jeito, Cantanhêde deixará de escrever suas colunas diárias na Folha e vai virar líder da oposição demotucana. Seu discurso inflamado visa exatamente animar e atiçar a “massa cheirosa” do PSDB e também do DEM e do PPS – partidos que andam meio caidinhos, com desfiliações massivas e violentas brigas internas.

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