domingo, 7 de abril de 2013

Aécio 'esquece' de trabalhar e agora só faz campanha

Faltando mais de um ano para a eleição presidencial, o tucano mineiro já abandonou o Senado – e seus eleitores –para fazer corpo a corpo pré-eleitoral

Aécio Neves (PSDB-MG) foi eleito para trabalhar por Minas Gerais no Senado. É essa a obrigação de um senador. Entretanto, em plena quinta-feira (4), às 10h30, ele faltava ao trabalho em Brasília para fazer pré-campanha. E não era sequer em seu estado, mas em outro reduto eleitoral.

O senador estava em Santos, litoral paulista, no palanque do governador Geraldo Alckmin, num encontro de prefeito paulistas, que nada têm a ver com Minas. Faltando mais de um ano para a eleição presidencial, Aécio abandonou o trabalho para fazer corpo a corpo pré-eleitoral.

Como senador, Aécio ganha o salário de R$ 26,7 mil mensais – o equivalente a mais de 42 salários mínimos – mais benefícios, como auxílio moradia de 3,8 mil reais mensais, auxilio médico sem limite de valor anual e auxílio psicológico e odontológico de até 25,9 mil reais anuais. Tem ainda a Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar dos Senadores (Ceaps), no valor de R$ 15 mil mensais, mais cinco passagens aéreas de ida e volta da capital do estado de origem, porém ele tem usado a maior parte da verba para ir ao Rio de Janeiro tratar da vida particular. Sempre lembrando: tudo pago pelo contribuinte, que o elegeu para ter um representante dentro do senado.

Apesar de toda essa vantagem apenas para cumprir o dever de trabalhar, o senador tucano cada vez menos é visto em seu gabinete no Congresso, onde deveria dar expediente ao menos de terça a quinta-feira.

Pode não ser ilegal, dada a tolerância no meios políticos, mas é imoral. E Aécio não tem qualquer pudor em passar dias úteis inteiros na rua em campanha eleitoral antecipada, enquanto seus eleitores ficam sem representatividade no Senado.

Se o senador não quer trabalhar, então seria o caso de renunciar ao cargo. Assim ficaria livre para competir com a agenda de José Serra (PSDB-SP), que encontra-se ocioso, sem cargo, e tem todo o tempo do mundo para fazer pré-campanha.

Aliás, desde que tomou posse, Aécio demonstra desconforto no Senado. Acostumado a ser bajulado e protegido de críticas em Minas, decepcionou no cenário político nacional. Apesar dos esforços das assessorias de impressa e dos correligionários, seus discursos e desempenho como parlamentar têm sido medíocres. Nos bastidores é considerado fraco pelos próprios colegas de oposição.
História torturada
No referido palanque, em Santos, Aécio cometeu um ato falho em seu discurso chamando o golpe de estado de março de 1964 de "revolução".

O termo costuma ser usado pelos golpistas, de forma a usurpar e torturar a história do Brasil. Revolução não é feita por banqueiros e grandes empresários reacionários para manterem seu status e privilégios, junto com uma potência imperialista. E muito menos para esmagar as transformações populares e progressistas que estavam em pauta. Revolução é o contrário disso.

O ato falho do senador tucano pode ser explicado, talvez, pelo berço. O avô Tancredo Neves não foi sua única influência política. Seu pai Aécio Cunha, foi deputado da Arena, fiel escudeira da ditadura, do início ao fim do regime ditatorial. E encerrou a carreira partidária no PFL.

terça-feira, 2 de abril de 2013

HOMOSSEXUALIDADE

DR. DRAUZIO VARELLA - HOMOSSEXUALIDADE

A homossexualidade é uma ilha cercada de ignorância por todos os lados. Nesse sentido, não existe aspecto do comportamento humano que se lhe compare.

Não há descrição de civilização alguma, de qualquer época, que não faça referência à existência de mulheres e homens homossexuais. Apesar dessa constatação, ainda hoje esse tipo de comportamento é chamado de antinatural.

Os que assim o julgam partem do princípio de que a natureza (ou Deus) criou órgãos sexuais para que os seres humanos procriassem; portanto, qualquer relacionamento que não envolva pênis e vagina vai contra ela (ou Ele).
Se partirmos de princípio tão frágil, como justificar a prática de sexo anal entre heterossexuais? E o sexo oral? E o beijo na boca? Deus não teria criado a boca para comer e a língua para articular palavras?
Se a homossexualidade fosse apenas perversão humana, não seria encontrada em outros animais. Desde o início do século 20, no entanto, ela tem sido descrita em grande variedade de espécies de invertebrados e em vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos.

Em virtualmente todas as espécies de pássaros, em alguma fase da vida, ocorrem interações homossexuais que envolvem contato genital, que, pelo menos entre os machos, ocasionalmente terminam em orgasmo e ejaculação.

Comportamento homossexual envolvendo fêmeas e machos foi documentado em pelo menos 71 espécies de mamíferos, incluindo ratos, camundongos, hamsters, cobaias, coelhos, porcos-espinhos, cães, gatos, cabritos, gado, porcos, antílopes, carneiros, macacos e até leões, os reis da selva.

Relacionamento homossexual entre primatas não humanos está fartamente documentado na literatura científica. Já em 1914, Hamilton publicou no Journal of Animal Behaviour um estudo sobre as tendências sexuais em macacos e babuínos, no qual descreveu intercursos com contato vaginal entre as fêmeas e penetração anal entre machos dessas espécies. Em 1917, Kempf relatou observações semelhantes.

Masturbação mútua e penetração anal fazem parte do repertório sexual de todos os primatas não humanos já estudados, inclusive bonobos e chimpanzés, nossos parentes mais próximos.

Considerar contra a natureza as práticas homossexuais da espécie humana é ignorar todo o conhecimento adquirido pelos etologistas em mais de um século de pesquisas rigorosas.

Os que se sentem pessoalmente ofendidos pela simples existência de homossexuais talvez imaginem que eles escolheram pertencer a essa minoria por capricho individual. Quer dizer, num belo dia pensaram: eu poderia ser heterossexual, mas como sou sem vergonha prefiro me relacionar com pessoas do mesmo sexo.

Não sejamos ridículos; quem escolheria a homossexualidade se pudesse ser como a maioria dominante? Se a vida já é dura para os heterossexuais, imagine para os outros.

A sexualidade não admite opções, simplesmente é. Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais. O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira.

Mais antiga do que a roda, a homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade. Reprimi-la é ato de violência que deve ser punido de forma exemplar, como alguns países fazem com o racismo.

Os que se sentem ultrajados pela presença de homossexuais na vizinhança, que procurem dentro das próprias inclinações sexuais as razões para justificar o ultraje. Ao contrário dos conturbados e inseguros, mulheres e homens em paz com a sexualidade pessoal costumam aceitar a alheia com respeito e naturalidade.

Negar a pessoas do mesmo sexo permissão para viverem em uniões estáveis com os mesmos direitos das uniões heterossexuais é uma imposição abusiva que vai contra os princípios mais elementares de justiça social.

Os pastores de almas que se opõem ao casamento entre homossexuais têm o direito de recomendar a seus rebanhos que não o façam, mas não podem ser fascistas a ponto de pretender impor sua vontade aos que não pensam como eles.

Afinal, caro leitor, a menos que seus dias sejam atormentados por fantasias sexuais inconfessáveis, que diferença faz se a colega de escritório é apaixonada por uma mulher? Se o vizinho dorme com outro homem? Se, ao morrer, o apartamento dele será herdado por um sobrinho ou pelo companheiro com quem viveu trinta anos?

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

GLOBO É ACUSADA DE CRIME ELEITORAL POR EDIÇÃO TENDENCIOSA DO JN



Até a insuspeita Folha de São Paulo notou a cobertura desproporcional, ilegal e até criminosa que oJornal Nacional fez da sessão de terça-feira (23.10) do julgamento do mensalão. Segundo a matéria em tela, o telejornal gastou 18 dos 32 minutos de sua edição de ontem com esse assunto. Abaixo, o texto daFolha.

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FOLHA DE SÃO PAULO

24 de outubro de 2012

‘JN’ dedica quase 20 minutos a balanço do julgamento

DE SÃO PAULO

O “Jornal Nacional” da TV Globo, programa jornalístico mais assistido da televisão brasileira, dedicou ontem 18 dos 32 minutos de sua edição a um balanço do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal.

O telejornal exibiu oito reportagens sobre o tema, contemplando desde o que chamou de “frases memoráveis” proferidas no plenário do STF às rusgas entre os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandovsky, respectivamente relator e revisor do processo na corte.

O segmento mais “quente” do telejornal, dedicado às notícias do dia (debate do tamanho das penas e a decisão de absolver réus de acusações em que houve empate no colegiado) consumiu 3min12s.

O restante foi ocupado pelo resumo das 40 sessões de julgamento.

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Há, ainda, um agravante. O assunto foi ao ar no JN imediatamente após o fim do horário eleitoral, que, em São Paulo, foi encerrado com o programa de Fernando Haddad. E tem sido assim desde que começou o segundo turno – o noticiário do mensalão é apresentado pelo telejornal sempre “colado” ao fim do horário eleitoral.

O objetivo de interferir no pleito do próximo domingo em prejuízo do Partido dos Trabalhadores e dos outros partidos aliados que figuram na Ação Penal 470, vem sendo escancarado. Ontem, porém, essa prática ilegal chegou ao ápice.

A ilegalidade é absolutamente clara. Para comprovar, basta a simples leitura da Lei 9.504/97, a chamada Lei Geral das Eleições, que, em seu artigo 45, caput, reza que:

Caput – A partir de 1o de julho, ano da eleição, é vedado às emissoras de rádio e televisão, em sua programação normal e noticiário, conforme incisos:

III – Veicular propaganda política, ou difundir opinião favorável ou contrária a candidato, partido, coligação, a seus orgãos ou representantes;

IV – Dar tratamento privilegiado a candidato, partido ou coligação;

V – É vedado às emissoras de rádio e televisão, em sua programação normal e noticiário, veicular ou divulgar filmes, novelas, minisséries ou qualquer outro programa com alusão ou crítica a candidato ou partido político, mesmo que dissimuladamente (…)

Apesar de a Globo poder alegar que estava apenas reproduzindo um fato do Poder Judiciário, a intenção de usar as reiteradas menções dos ministros do Supremo Tribunal Federal ao Partido dos Trabalhadores é escancarada ao ponto de ter virado notícia de um jornal absolutamente insuspeito de ser partidário desse partido.

Conforme reza a lei, é vedada prática da qual o JN abusou, ou seja, fazer “Alusão ou crítica a candidato ou partido político, mesmo que dissimuladamente”. Ora, de dissimulado não houve nada. O PT foi citado reiteradamente pela edição do JN de forma insistente e por espaço de tempo jamais visto em uma só reportagem.


A Lei Eleitoral recebe interpretação pela Justiça Eleitoral, ou seja, ela julga exatamente as nuances das propagandas, dos programas em veículos eletrônicos e até mesmo na imprensa escrita e na internet.

O uso de uma concessão pública de televisão com fins político-eleitorais também viola a Lei das Concessões, cujo guardião é o Ministério das Comunicações.

Diante desses fatos, comunico que a ONG Movimento dos Sem Mídia, da qual este blogueiro é presidente, apresentará, nos próximos dias, representações à Procuradoria Geral Eleitoral e ao Ministério das Comunicações contra a TV Globo por violação da Lei Eleitoral, com tentativa de influir em eleições de todo país.

Detalhe: será pedido ao Minicom a cassação da concessão da Rede Globo por cometer crime eleitoral

Por certo não haverá tempo suficiente de fazer a representação ser apreciada por essas instâncias antes do pleito, mas isso não elidirá a denunciação desse claro abuso de poder econômico com vistas influir no processo eleitoral. Peço, portanto, o apoio de tantos quantos entenderem que tal crime não pode ficar

 impune.

Blog da Cidadania 

sábado, 6 de outubro de 2012

O PT em Patos de Minas

Sempre me questionei,por que o Partido dos Trabalhadores PT,  tão forte no âmbito nacional não consegui adentrar na sociedade patense? É nítido que o conservadorismo se faz presente numa cidade com quase 140 mil habitantes, mas não seja por isso é uma cidade polo.Sempre dominada por duas forças politicas arquirrivais: Arlindo Porto Neto presidente da CEMIG versus Elmiro Nascimento secretário de Agricultura do governo mineiro.Essa politica dos coronéis, ainda é viva nesta cidade e nas eleições 2012, falta opção.
As palavras de um dos fundadores do PT em Patos de Minas,e vereador sobre o PT em Patos.


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Gilmar Machado PT lidera em todos segmentos, diz Ibope


O perfil dos eleitores de cada candidato foi demonstrado pela pesquisa estimulada do Ibope CORREIO de Uberlândia/TV Integração. Gilmar Machado (PT) tem mais inserção no eleitorado feminino (56%), com idade entre 25 e 29 anos (57%), com ensino médio (59%) e com renda mensal entre dois e cinco salários mínimos (58%). Na comparação com a pesquisa anterior do Ibope, houve alteração no quesito “gênero”, já que havia mais potenciais eleitores homens do que mulheres para o concorrente do PT no cenário revelado em agosto.

Há um equilíbrio entre os propensos eleitores de Luiz Humberto Carneiro (PSDB) no item “gênero”. São 25% de mulheres e índice idêntico para homens, eleitorado no qual o candidato teve crescimento de 8 pontos percentuais. O candidato tem mais ascendência sobre o eleitorado com idade entre 30 e 39 anos (28%), com ensino superior (36%) e com renda acima de cinco salários mínimos (34%). Na pesquisa anterior, Luiz Humberto Carneiro tinha maior inserção entre mulheres, na faixa dos 16 aos 24 anos, e com escolaridade da 5ª à 8ª série. Houve incremento na participação do concorrente do PSDB na faixa de renda superior a cinco salários mínimos, passando de 28% para 34%.

Gilberto Cunha (PSTU) tem participação semelhante entre homens e mulheres (3%), com índice idêntico de 4% para as faixas etárias dos 16 anos aos 24 anos, dos 25 aos 29 anos e dos 40 aos 49 anos e presença idêntica na faixa de renda de até dois salários mínimos e de dois a cinco salários mínimos (4%). Na pesquisa anterior, Gilberto Cunha tinha mais preponderância na faixa de renda com mais de cinco salários mínimos.

Falha a estratégia de Aécio para barrar o PT nas maiores cidades


Eis que na reta final de campanha, os petistas cresceram e garantiram vitória antecipada em Uberlândia, Ipatinga e, provavelmente, Governador Valadares. Para os segundo turno, a sigla já está praticamente garantida na disputa de Juiz de Fora, Montes Claros e Contagem.

Apenas em Uberaba, onde o pleito será em dois turnos pela primeira vez, o PT não consegue emplacar. Lá, quem liderava a pesquisa, na semana passada, era o deputado federal do PMDB, Paulo Piau, seguido pelo deputado estadual Lerin, do PSB, o mesmo partido de Marcio Lacerda.

A última pesquisa realizada em Juiz de Fora mostrava o quadro definido, garantindo a primeira posição para a petista e ex-reitora Margarida Salomão, seguida do deputado do PMDB, Bruno Siqueira. Por sua vez, o prefeito Custódio Mattos, do PSDB, prometeu a seus parceiros da Cidade Administrativa que iria reverter sua colocação, passando para o segundo lugar nesta reta final da disputa.

A surpresa para quem conhece a política mineira foi o crescimento do representante do PT de Montes Claros. O deputado Paulo Guedes, de acordo com as últimas sondagens, aumentou em quase 100% a sua preferência eleitoral, podendo até mesmo ser o primeiro da lista no segundo turno. Com isto, Jairo Ataide, Humberto Souto e Ruy Muniz disputam cabeça a cabeça para saber quem vai para a segunda etapa.

Em Contagem, o segundo colégio eleitoral de Minas, o representante do PT, Durval Ângelo, apoiado pela prefeita Marília Campos, está conquistando o apoio junto ao povão. Ele, pelos dados da semana passada, caminha a passos largos para se igualar a Ademir Lucas, do PSDB, na hora de concluir a eleição no final de outubro. O candidato do PCdoB, Carlin Moura, teria perdido força nesta reta final.

Faltou estrutura

Os deputados da base aliada do governo mineiro reclamam da falta de estrutura para realizar bons trabalhos como de seus adversários. Muitos parlamentares dizem que o senador Aécio Neves se viu obrigado a concentrar suas atenções na candidatura de Marcio Lacerda, em BH, deixando para discutir os temas regionais somente agora na reta final.

A consequência desta atitude tucana é que, a partir do dia 7 de outubro, vão precisar de muito esforço para reverter ao menos em parte a tendência petista de continuar dando as cartas nos grandes municípios mineiros. Vale dizer: vão precisar trabalhar dobrado nas cidades onde o pleito acontecerá em dois turnos, para poder comemorar alguma vitória.

sábado, 15 de setembro de 2012

Ou o PT acaba com a Veja ou a Veja acabará com o PT

Mais um factóide de Veja



Veja não se emenda não.Depois de pegar pesado com o presidente Lula durante oito anos de governo, agora, na reta final do processo do mensalão, publica mais um factóide que tem como um dos objetivos arrastar Lula para o processo.Segundo li por aí, Veja não traz nenhuma novidade na edição desta semana, apenas repete o que foi dito há mais ou menos um mês, que Marco Valério teria provas que comprovariam que Lula foi o chefe do mensalão.Como sabido, essa denúncia se derreteu como sonrizal em água.Tentou-se, por meio do advogado do corrupto Roberto Jefferson, incluir Lula no processo, porém, o STF indeferiu, à unanimidade, o pedido.Agora, a Veja retorna com a corda toda.Com uma matéria toda em off, informa que um sobrinho de uma tia de um afilhado de um irmão de Marcos Valério disse à revista que Marcos Valério está propenso a fazer delação premiada com o objetivo de arrastar Lula para a Ação Penal 470.Como já dito, a matéria da Veja é toda na base do off, do ouvir dizer, não aponta nenhum documento, nenhum vídeo, nenhuma testemunha que comprove os fatos relatados.Mas a Veja não só quer arrastar Lula para o processo.O objetivo de Veja é muito maior que esse. Na verdade, Veja tenta dar um forcinha a candidatura fracassada de José Serra, que despejou milhões de reais dos paulistanos para abastecer o cofre do tablóide da Abril(observe-se que Serra já correu para a Folha para pedir que "Ministério Público e a Justiça" investiguem a suposta acusação feita pelo publicitário, o brandidão Roberto Freire também já distribuiu nota pedindo abertura de processo).Esta matéria, como outras produzidas pelo assessor de imprensa de Carlinhos Cachoeira, terá o mesmo destino dos fogos de artifício:iluminam a festa mas se apagam no final.Resta ao governo Dilma parar de abastecer os cofres da Veja e lutar pela aprovação da Ley dos Médios.Resta ao PT agilizar a CPI da Privatariua Tucana e pedir a convocação de Roberto Civita e Policarpo Caneta para deporem na CPI do Cachoeira.Vamos lá petista, reajam, reajam!

sábado, 30 de junho de 2012

PT de Belo Horizonte rompe com PSB e lança candidatura própria

O PT de Belo Horizonte acaba de romper a aliança com o prefeito Marcio Lacerda (PSB). Por 11 votos a 4, a legenda decidiu lançar candidatura própria. O vice-prefeito Roberto Carvalho irá encabeçar a chapa que irá concorrer à Prefeitura de Belo Horizonte. Agora, resta escolher que será o vice.

A direção nacional do PT ainda pode reverter o quadro. "Se a direção nacional e o Lula quiserem, eles podem mudar isso", afirmou o ex-deputado Virgílio Guimarães. Na sede municipal do PT, apenas a ala do vice-prefeito está presente. "Quem rompeu foi o PSB", acusou Carvalho. A medida foi tomada após o secretário de Finanças do PSB, Pier Senese, entregar aos petistas uma carta em que comunica ã decisão da legenda de não se coligar com o PT na chapa para vereadores.

Nos bastidores, o senador Aécio Neves (PSDB) teria dito aos socialistas que romperia com Lacerda se o PSB formasse coligação proporcional com o PT. E também teria pedido a presidentes de pelo menos nove partidos que deixassem o prefeito caso não cumprisse as exigências dos tucanos.

Carvalho informou que não irá entregar os cargos que os petistas possuem na administração de Lacerda. "Fomos eleitos com ele", disse. Agora, o PT negocia com o PR uma composição para a chapa majoritária.



Hoje em dia 

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Paraguai sai e Venezuela entra


Por Altamiro Borges

O golpe relâmpago no Paraguai já produziu os seus primeiros efeitos no bloco de integração regional da América do Sul. A reunião do Mercosul em Mendoza, na Argentina, encerrada hoje à tarde, decidiu suspender o Paraguai até as novas eleições presidenciais no país e, ao mesmo tempo, aprovou a incorporação da Venezuela como “membro de pleno direito” a partir de 31 de julho.

As decisões foram anunciadas pela presidenta Cristina Kirchner, anfitriã da cúpula. “O Mercosul suspende temporariamente o Paraguai até que se leve a cabo o processo democrático que novamente instale a soberania popular no país”. Ela também confirmou a incorporação da Venezuela, há muito solicitada, mas que era barrada pelo mesmo Senado golpista do Paraguai.

Medida branda contra os golpistas
O golpe no Paraguai foi o principal ponto de pauta da reunião em Mendoza. Já na abertura da cúpula, a presidenta argentina foi dura na condenação aos golpistas. “Houve uma ruptura da ordem democrática na República do Paraguai... Parece uma paródia de julgamento o que aconteceu contra Lugo, porque não há no mundo um julgamento político sem a possibilidade de defesa”.
Havia expectativa de que o Mercosul fosse além da simples suspensão política do governo golpista. Alguns chanceleres defendiam a aplicação de sanções econômicas, como o bloqueio comercial e o cancelamento de empréstimos. No final, vingou a tese de que tais medidas penalizariam o povo paraguaio e representariam uma ingerência indevida nos assuntos internos do país vizinho.

Lugo rejeitou as sanções econômicas
O próprio presidente deposto, Fernando Lugo, declarou-se contrário à proposta de sanções econômicas. Ele lembrou que o país tem alta dependência econômica do bloco. Brasil, Argentina e Uruguai absorvem 55% das exportações do Paraguai. Para ele, qualquer medida econômica, como a suspensão dos vários acordos de cooperação e financiamento, atingiria duramente o sofrido povo paraguaio.

Essa é a primeira vez desde a formação do Mercosul, de 1991, que um dos países membros é proibido de participar da reunião e é suspenso do bloco. A medida é baseada num protocolo assinado no final dos anos 1990. Na época, a cláusula democrática do chamado documento de Ushuaia foi feita a pedido do próprio Paraguai após o país viver uma grave crise institucional.

Golpistas e mídia sentem o baque

O governo golpista de Federico Franco já sentiu o baque. O Ministério de Relações Exteriores do Paraguai divulgou nota criticando a suspensão. No maior cinismo, alegou que o país não teve direito de defesa e que a decisão foi sumária – os mesmos argumentos usados pelos que condenam os métodos fascistóides dos golpistas. A mídia colonizada também chiou contra a tímida medida.

Em editorial, o jornal Estadão esbravejou que “o Mercosul será um bloco muito menos comprometido com a democracia se os presidentes do Brasil, da Argentina e do Uruguai decidirem afastar o Paraguai, temporária ou definitivamente, e abrirem caminho para o ingresso da Venezuela, país comandado pelo mais autoritário dos governantes sul-americanos, o presidente Hugo Chávez”.

Na avaliação deste jornal tão servil ao império, afastado o Paraguai, “o Mercosul será governado pelo eixo Buenos Aires-Caracas. Quaisquer compromissos com a democracia serão abandonados e as esperanças de uma gestão racional do bloco serão enterradas”. Os golpistas do Paraguai e a mídia colonizada não toleram o Mercosul, nem com sua branda resolução de Mendoza. Eles preferiam que a região fosse anexada de vez aos EUA, através da neocolonial Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

sábado, 23 de junho de 2012

Dilma deve romper com os golpistas



Por Altamiro Borges


A presidenta Dilma Rousseff, que foi presa e barbaramente torturada, parece indignada com a arbitrária destituição do presidente Fernando Lugo. No encerramento da Rio+20, na tarde de hoje (22), ela deixou explicito a sua revolta. Numa rápida entrevista, Dilma sinalizou que os golpistas do Paraguai poderão sofrer sanções das nações sul-americanas. “Disso [o golpe] sai uma consequência”.

“Nós passamos por um processo muito doloroso de golpe e passamos por um processo de retomada da democracia. Dar valor a ela [a democracia] é algo muito importante”, disse a presidenta. Questionada sobre a possibilidade do Brasil, junto com os demais países membros da Unasul e do Mercosul, romper relações com o governo golpista do país vizinho, ela não descartou a hipótese: “Posso dizer o que está previsto no protocolo, que é a não participação nos órgãos multilaterais”.
Excitação da direita sul-americana
Há consenso no Itamaraty que o Paraguai foi vítima de um golpe. A diplomacia brasileira critica o processo de condenação sumária, em poucas horas e sem o legítimo direito de defesa, de Fernando Lugo. A mesma opinião é compartilhada pela maioria dos governantes da América do Sul – com exceção do neofascista Sebástian Piñera, do Chile. A Unasul inclusive divulgou uma nota oficial condenando o golpe e prevendo possíveis retaliações aos golpistas.
O golpe no Paraguai abre um perigoso precedente na América do Sul, como já alertou o presidente Rafael Correa, do Equador. A direita sul-americana – que expressa os interesses dos ricaços do campo e da cidade e também do império estadunidense, e utiliza a mídia corporativa para difundir suas mentiras – está excitada com o aparente êxito dos golpistas.
É preciso dar um breque nesta perigosa iniciativa. A presidente Dilma Rousseff, pelo papel estratégico que o Brasil desempenha na região, deve mesmo “tirar as consequências” deste repugnante golpe. Com base nos protocolos da Unasul e do Mercosul, tendo como objetivo a defesa da democracia e da integração regional, o governo brasileiro deveria, de fato, propor o rompimento com os golpistas do Paraguai. Esta é a única linguagem que as elites reacionárias entendem!

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Golpe de Estado no Paraguai é afronta aos países democráticos da América Latina



Em menos de 30 horas, o Parlamento paraguaio conseguiu derrubar o presidente da República, FernandoLugo, e empossar o vice-presidente, Frederico Franco, principal opositor ao mandatário deposto. Nenhum ministro da Suprema Corte se pronunciou acerca do golpe de Estado em curso. Nenhum setor militar se rebelou contra o retrocesso democrático. Pela expressão de surpresa do líder impedido, nenhum informe dos setores de inteligência daquele país o informaram que 99% do Congresso o estavam prestes a lhe puxar o tapete.

A desestabilização de Lugo, iniciada desde a eleição dele mas intensificada há uma semana, por um massacre de sem-terra nos rincões do país, perto da fronteira com o Brasil, não serviu de alerta ao presidente para mobilizar a sociedade organizada e as instituições. Sequer comentou com aliados de primeira hora como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, amigo pessoal, da situação tensa em que vivia. Lugo, ao que tudo indica, foi tragado em um bem engendrado plano para afastá-lo, aproveitando-se de uma posição aparentemente isolada, distante das bases que sustentaram sua vitória nas urnas.

Um país dividido entre dois partidos, ambos de direita, mostra à América Latina o quanto é frágil a democracia no continente. A reação popular dos paraguaios, de espanto, primeiramente, não pode ser avaliada ainda, mas deixa para os próximos dias um suspense no ar, que torna irrespirável a atmosfera de frustração e incredulidade que ora inunda o país vizinho. A aparente tranquilidade do inquilino, despejado do Palacio de los López por interesses aos quais não respondeu, durante seus quase três anos por lá, deve-se ao adestramento nas décadas de serviços prestados à Igreja Católica, de onde saiu como bispo. Apesar do olhar fixo no horizonte, porém, apontou em seu discurso que as forças do narcotráfico e do grande capital foram os principais algozes do seu fracasso. Fracasso ao qual parece ter respondido muito prontamente. Sem luta. Sem resistência.

Lugo, de saúde tão frágil quanto a sua capacidade de levantar os movimentos sociais em defesa das conquistas democráticas, diz que sai pela porta principal dos corações paraguaios. Mas sai. Não cogitou, sequer um minuto, mobilizar a nação para assegurar uma trincheira que não apenas ele representava, mas às forças populares submetidas a mais de seis décadas de abusos por parte da elite. A mesma elite, branca e rica, que festeja aos abraços, nos acordes do hino nacional, protegida pela polícia que a defende e mantém a salvo da fúria popular, concentrada a poucos metros dali, na Plaza de Armas.

Um golpe de Estado assim, às claras, não pode ficar sem resposta dos países que respeitam a vontade legítima das urnas e sabem que a ameaça ora concretizada naquele pequeno país sul-americano pesa sobre os governos eleitos democraticamente. Exige uma resposta dura. Eficaz. É evidente que os Estados Unidos estarão na primeira fila de cumprimentos à nova administração, ao lado de seus asseclas. As tais ‘forças ocultas’, que andam soltas ao Sul do Equador, conseguiram cravar a baioneta – disfarçada de maioria parlamentar – em uma nação estratégica para seus interesses na região. Mas precisam saber que não será fácil mantê-la. Têm que aprender, de uma vez por todas, a se curvar diante a soberania dos eleitores, e não à vontade dos dólares e do latifúndio.

A União das Nações Sul Americanos (Unasul) terá que dizer, agora, ao que veio. Ao que se propõe. Se a um clube de ótimos convescotes ou a organização dos países dispostos a enfrentar os desmandos da minoria vendida aos interesses inconfessáveis do imperialismo.

Ou repudia o golpe, ou vira geléia.

Gilberto de Souza é editor-chefe do Correio do Brasil.

Golpe no Paraguai é confirmado


Por Altamiro Borges 
O Senado do Paraguai, controlado por forças de direita, acaba de aprovar o impeachment do presidente Fernando Lugo. O golpe de Estado, mascarado de “saída institucional”, teve o voto favorável de 39 senadores – quatro votaram contra a destituição e dois se abstiveram. O vice-presidente Federico Franco, que há muito investia na desestabilização do governo, deverá assumir o cargo.

O julgamento sumário do presidente democraticamente eleito teve início às 13h30 (pelo horário de Brasília) e durou apenas cinco horas. Os advogados de Fernando Lugo tiveram menos de duas horas para apresentar a defesa. Na verdade, a decisão golpista já havia sido tomada bem antes – com o apoio das reacionárias elites urbanas e rurais e da mídia empresarial do Paraguai.
Condenação sumária
Lugo foi acusado por “mau desempenho” de suas funções e pelo recente conflito agrário no país, em Curuguaty, que resultou na morte de 11 camponeses e seis policiais. Lugo chegou a apresentar uma ação de inconstitucionalidade à Suprema Corte de Justiça para suspender o julgamento político. Conforme denunciou o advogado do presidente, Emílio Camacho, “o que está acontecendo aqui não é um julgamento, é uma condenação. É a execução de uma sentença”.

Em entrevista à Rádio 10, da Argentina, Lugo criticou a decisão e disse que estimulará a resistência, “a partir de outras instâncias organizacionais... Certamente decidiremos impor uma resistência para que o âmbito democrático e participativo do Paraguai vá se consolidando”, afirmou. Para ele, o que ocorreu hoje no Senado “não é mais um golpe de Estado contra o presidente, é um golpe parlamentar disfarçado de julgamento legal, que serve de instrumento para um impeachment sem razões válidas que o justifiquem”.

Reação da Unasul
Em frente ao Congresso Nacional, em Assunção, milhares de pessoas se concentraram para condenar o golpe. Houve protestos também em frente à residência do golpista Federico Franco. Organizações populares prometem intensificar as manifestações nos próximos dias, exigindo o retorno da democracia.

Pouco antes da condenação sumária, a União das Nações Latino-americanas (Unasul) divulgou nota oficial afirmando que a destituição de Fernando Lugo constitui “uma ameaça à ordem democrática” e anunciou que os países membros poderão romper as relações de cooperação com o Paraguai. A estatal petrolífera venezuelana, PDVSA, antecipou que poderá cancelar os repasses de combustível feitos à Petropar.

O golpe no Paraguai abre um perigoso precedente na América do Sul. Fernando Lugo foi eleito presidente em 2008 com 41% dos votos, interrompendo uma hegemonia de seis décadas do Partido Colorado e o domínio do país por forças direitistas da elite. Com todas as dificuldades do seu governo, sempre boicotado pelo parlamento, o “bispo dos pobres” representava a esperança de mudança para o sofrido povo paraguaio. O golpe visa conter a guinada progressista no continente.

Golpe de estado no Paraguai: Golpe sumário travestido de ato legal


É surpreendente, mas nem tanto, a decisão do Congresso paraguaio em realizar um processo de impedimento contra o presidente Fernando Lugo. No final de 2009 já surgiram fortes rumores de que o Legislativo tentaria tirar Lugo do poder por meio de instrumentos legais para colocar em seu lugar o vice-presidente, Federico Franco, do PLRA (Partido Liberal Radical Autentico).

Naquela época, já se esboçava a hipótese entre políticos do Partido Colorado (conservador) e do PLRA, supostamente aliado ao governo, em destituir Lugo de forma muito similar à que ocorreu nesta quinta-feira 21. Os próprios parlamentares impetraram processo contra o presidente que seria destituído, então, por meios constitucionais. A justificativa maior para depor o Presidente paraguaio era que o país deveria ser mais atraente aos investidores estrangeiros.

Pois bem, de acordo com dados da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), desde quando Lugo assumiu os investimentos estrangeiros líquidos praticamente triplicaram. Para se ter uma ideia, em 2007, quando o partido Colorado comandava a política e a economia paraguaia, as inversões líquidas internacionais chegaram a US$ 199 milhões. Com Lugo, já em 2009, esse número saltou para US$ 225 milhões; em 2010, para US$ 389 milhões; e, em 2011, para US$ 566 milhões. Portanto, na época e atualmente, a justificativa da oposição era facilmente combatida.

Agora, Lugo é acusado de má gestão do país, em especial em relação a um confronto entre policiais e trabalhadores rurais em uma fazenda no último dia 15, que terminou com 17 mortos. Ainda assim, continuam pesando contra Lugo o argumento de que a economia vai mal.

Pois, então, avaliemos alguns dados econômicos paraguaios. Realizando-se uma comparação entre os anos de 2010 e 2011, observa-se um aumento médio nos salários de 8,7%, sendo os setores de comércio (11,5%) e intermediação financeira (10,5%) que obtiveram as maiores elevações. O salário mínimo paraguaio aumentou 2,7% e corresponde a pouco mais de R$ 660,00. No que diz respeito à inflação, ocorreu uma redução de 7,2% em 2010, para 4,9% em 2011. Após apresentar o maior crescimento da América Latina em 2010 (15%), no ano seguinte o PIB (somatória de todas as riquezas de um país) paraguaio elevou-se em 3,8%, representando um incremento de 2,3% do PIB per capita.

Esse resultado reflete, por um lado, o contínuo dinamismo do setor agrícola e, por outro lado, o baixo desenvolvimento, de setores como a pecuária e construção civil. No mesmo período, observou-se uma elevação das despesas públicas e, ao mesmo tempo, a elevação das receitas do governo, o que contribui para um superávit primário das contas do governo de 0,8% do PIB. As exportações, em uma comparação entre 2010 e 2011, registaram crescimento de 23,1%, enquanto a alta das importações foi de 21,5%. O déficit em conta corrente caiu para 2,1% do PIB, representando uma melhora em relação ao ano de 2010, quando foi de 6,1%. Portanto, não há nenhum problema de má administração, ou que lhe desabone que justifique o seu impedimento em permanecer como presidente.

A questão central é que, primeiro; a maioria dos deputados que desejam o impedimento de Lugo são proprietários de grandes latifúndios e a situação da oligarquia paraguaia se tornou insustentável quando o presidente colocou em debate questões tão sensíveis como a reforma agrária. Além do que, esse movimento dos partidos Colorado e Liberal Radical Autêntico (responsáveis pelo processo de impeachment na Câmara de Deputados e no Senado) foi planejado para atrapalhar as eleições presidenciais de 2013.

O que está representado e configurado é um golpe sumário travestido de ato legal. A política é para ser debatida, discutida, dialogada, algo que o Congresso paraguaio, infelizmente, não está disposto a fazer. Espera-se que as forças políticas internacionais e nacionais mantenham Fernando Lugo na Presidência e que as divergências políticas resolvam-se de forma direta pela vontade popular nas eleições que já estavam programadas, em março de 2013, muito antes dessa crise ter atingido seu ápice.

Cebrapaz repudia tentativa de Golpe de Estado no Paraguai

O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos em Luta pela Paz, Cebrapaz, emitiu, nesta sexta-feira (21), uma nota de apoio ao povo paraguaio, que vê seu presidente, Fernando Lugo, legitimamente eleito em 2008, ser vítima de um golpe de Estado parlamentar. Segue a íntegra do documento:

O Cebrapaz repudia veementemente e condena qualquer tentativa de Golpe de Estado no Paraguai.
Denunciamos que a manobra de convocar um processo de impeachment do Presidente Fernando Lugo, aproveitando-se da comoção gerada pelo massacre em um processo de desocupação de uma fazenda Curuguaty, é um desrespeito à democracia do país e uma atitude que remete aos anos de chumbo das décadas de 1960 e 1970, quando a América Latina foi coberta por ditaduras financiadas pelo imperialismo dos EUA.

 Em todos os países da região onde foram eleitos governos progressistas houve tentativas de golpe: na Venezuela, na Bolívia, no Equador e agora no Paraguai. Deter mais este movimento das forças conservadoras do continente é conter também o avanço do imperialismo na região, que após articular um golpe com características similares em Honduras, volta-se agora para a América do Sul. É importante destacar que o imperialismo tem interesses claros no país, especialmente na tríplice fronteira com o Brasil e a Argentina.

Solidarizamos, dessa forma, com o povo paraguaio e nos somamos às vozes que condenam este vil ato de rompimento da ordem institucional do país através de um Golpe de Estado.

Em defesa da ordem democrática e institucional do Paraguai!

Pelo cumprimento integral do mandato do presidente Fernando Lugo!

Contra qualquer tentativa de Golpe de Estado!

Pela paz na região!

Socorro Gomes,
Presidente do Cebrapaz

O primeiro teste da Unasul


Inexiste qualquer dúvida de que está em curso no Paraguai uma tentativa de golpe “constitucional” nos moldes do que foi aplicado em Honduras há alguns anos, quando o presidente foi deposto em um rito sumário que durou poucas horas e sem direito a defesa.

No Paraguai, o golpe “constitucional” tenta se revestir de alguma aparência de legalidade, mas peca pelo que marca esse tipo de processo: o açodamento, a pressa em concluir logo a deposição do governo a fim de evitar reações da comunidade internacional.

Para que se tenha idéia do absurdo do golpe que está sendo perpetrado no Paraguai sob desculpa de confronto entre o exército e sem-terras por responsabilidade do presidente Fernando Lugo, isso equivale a tentarem derrubar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pelo massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996.

Mais absurdo ainda é o fato de que o governo Lugo defende a reforma agrária, tendo sido o confronto um choque entre forças igualmente armadas, segundo alega o exército paraguaio.

Diante disso, os países membros da União de Nações Sul-Americanas – Unasul, cumprindo o protocolo de intenções firmado em 2008 por Argentina, Bolivia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela, despacharam seus chanceleres para Assunção também em tempo recorde, o que revela que a Organização possui, ao menos, uma visão política unificada e um conselho deliberativo ágil.

A rápida ação da Unasul decorre do Protocolo sobre Compromisso com a Democracia firmado em 2010 na cidade de Georgetown, na Guiana. O protocolo reza que os estados-membros da Unasul não tolerarão desafio à autoridade institucional ou tentativas de golpe ao poder civil legitimamente constituído.

A boa notícia para o governo do Paraguai é que os membros da Unasul firmaram acordo que os obrigará a adotar medidas concretas e imediatas em caso de violação da ordem constitucional em qualquer país integrante da aliança.

Entre as sanções políticas e diplomáticas previstas pelo protocolo da Unasul, destacam-se suspensão do país sob ameaça de golpe do direito de participar nos diferentes órgãos e instâncias da Unasul, fechamento parcial ou total das fronteiras terrestres com o Estado afetado, incluindo a suspensão ou limitação do comércio, transporte aéreo e marítimo, comunicações, fornecimento de energia, serviços e abastecimento.
Todavia, não é tudo. Em caso de confronto entre forças legalistas e golpistas, ao menos em tese poderia ser acionado o Conselho de Defesa Sul-Americano, proposto por Venezuela e Brasil para servir como um mecanismo de segurança regional sobretudo contra golpes de Estado.

O Paraguai vem de uma longa história de golpismo. O último golpe de Estado ocorreu em 1999. E, como se viu no caso do golpe de Estado em Honduras, Estados Unidos e a imprensa latino-americana certamente ajudarão os golpistas paraguaios.
O noticiário da Globo, por exemplo, dissimula fatos sobre a tentativa de golpe não deixando claro que estão querendo derrubar um governo em horas, sob verdadeira encenação no Congresso, quando um processo de impeachment costuma levar meses.

A ameaça à democracia latino-americana contida na tentativa de golpe no Paraguai já se faz notar aqui no Brasil. O deputado baiano José Carlos Aleluia, vice-presidente do DEM nacional, comemorou o golpismo paraguaio no Twitter ao insinuar que pode se reproduzir por aqui.

Nos próximos dias, portanto, a Unasul enfrentará seu primeiro e decisivo teste. Se fracassar em frear o golpismo à paraguaia, estimulará golpistas de toda a região a se assanharem. Se for bem sucedida, os ímpetos antidemocráticos na região sofrerão duro golpe.