No Paraguai, o golpe “constitucional” tenta se revestir de alguma aparência de legalidade, mas peca pelo que marca esse tipo de processo: o açodamento, a pressa em concluir logo a deposição do governo a fim de evitar reações da comunidade internacional.
Para que se tenha idéia do absurdo do golpe que está sendo perpetrado no Paraguai sob desculpa de confronto entre o exército e sem-terras por responsabilidade do presidente Fernando Lugo, isso equivale a tentarem derrubar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pelo massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996.
Mais absurdo ainda é o fato de que o governo Lugo defende a reforma agrária, tendo sido o confronto um choque entre forças igualmente armadas, segundo alega o exército paraguaio.
Diante disso, os países membros da União de Nações Sul-Americanas – Unasul, cumprindo o protocolo de intenções firmado em 2008 por Argentina, Bolivia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela, despacharam seus chanceleres para Assunção também em tempo recorde, o que revela que a Organização possui, ao menos, uma visão política unificada e um conselho deliberativo ágil.
A rápida ação da Unasul decorre do Protocolo sobre Compromisso com a Democracia firmado em 2010 na cidade de Georgetown, na Guiana. O protocolo reza que os estados-membros da Unasul não tolerarão desafio à autoridade institucional ou tentativas de golpe ao poder civil legitimamente constituído.
A boa notícia para o governo do Paraguai é que os membros da Unasul firmaram acordo que os obrigará a adotar medidas concretas e imediatas em caso de violação da ordem constitucional em qualquer país integrante da aliança.
Entre as sanções políticas e diplomáticas previstas pelo protocolo da Unasul, destacam-se suspensão do país sob ameaça de golpe do direito de participar nos diferentes órgãos e instâncias da Unasul, fechamento parcial ou total das fronteiras terrestres com o Estado afetado, incluindo a suspensão ou limitação do comércio, transporte aéreo e marítimo, comunicações, fornecimento de energia, serviços e abastecimento.
Todavia, não é tudo. Em caso de confronto entre forças legalistas e golpistas, ao menos em tese poderia ser acionado o Conselho de Defesa Sul-Americano, proposto por Venezuela e Brasil para servir como um mecanismo de segurança regional sobretudo contra golpes de Estado.
O Paraguai vem de uma longa história de golpismo. O último golpe de Estado ocorreu em 1999. E, como se viu no caso do golpe de Estado em Honduras, Estados Unidos e a imprensa latino-americana certamente ajudarão os golpistas paraguaios.
O Paraguai vem de uma longa história de golpismo. O último golpe de Estado ocorreu em 1999. E, como se viu no caso do golpe de Estado em Honduras, Estados Unidos e a imprensa latino-americana certamente ajudarão os golpistas paraguaios.
O noticiário da Globo, por exemplo, dissimula fatos sobre a tentativa de golpe não deixando claro que estão querendo derrubar um governo em horas, sob verdadeira encenação no Congresso, quando um processo de impeachment costuma levar meses.
A ameaça à democracia latino-americana contida na tentativa de golpe no Paraguai já se faz notar aqui no Brasil. O deputado baiano José Carlos Aleluia, vice-presidente do DEM nacional, comemorou o golpismo paraguaio no Twitter ao insinuar que pode se reproduzir por aqui.
A ameaça à democracia latino-americana contida na tentativa de golpe no Paraguai já se faz notar aqui no Brasil. O deputado baiano José Carlos Aleluia, vice-presidente do DEM nacional, comemorou o golpismo paraguaio no Twitter ao insinuar que pode se reproduzir por aqui.
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