Após uma votação acirrada, François Hollande é eleito o novo presidente da França, com 51,6% dos votos. O candidato socialista disputava o cargo com o atual presidente do País, Nicolas Sarkozy, que obteve 48,4% nas urnas.
A taxa de abstenção foi de 18,86%, abaixo dos 20,52% do primeiro turno, e mais de dois milhões votaram em branco ou nulo.
Em seu primeiro discurso como presidente eleito, Hollande afirmou que a "austeridade não deve ser uma fatalidade" entre os diversos governos de uma Europa em crise. O pronunciamento foi feito antes mesmo do final da apuração das urnas.
— Hoje mesmo, responsável pelo futuro do nosso País, estou ciente de que toda a Europa nos observa. Na hora em que o resultado foi anunciado, tive a certeza que em diversos países europeus houve um sentimento de alívio e de esperança, de que, por fim, a austeridade não deve ser mais uma fatalidade. Neste 6 de maio, os franceses escolheram a mudança para me levar à presidência da República e estou orgulhoso por ter sido capaz de devolver esta esperança. Prometo ser o presidente de todos.
Logo após o término da votação, por volta das 20h (horário local), Sarkozy reconheceu a derrota e chamou Hollande de "novo presidente", afirmando que o "povo francês elegeu de forma democrática e republicana".
O atual chefe de Estado assumiu "toda a responsabilidade pela derrota" e comunicou a seus partidários que não liderará a luta para as eleições legislativas, previstas para 10 e 17 de junho.
— Não se dividam, permaneçam unidos. É preciso vencer a batalha das legislativas. Podemos ganhar. O resultado [deste domingo] foi honroso. Mas não vou liderar esta campanha. Minha posição não pode ser a mesma. Meu compromisso com a vida do meu País será diferente agora.
Hollande anunciou que renegociará o pacto fiscal europeu de ajustes e austeridade, elaborado por Sarkozy e pela alemã Angela Merkel, como parte de uma aliança batizada por ele de 'Merkozy', visando o acréscimo de um capítulo de apoio ao crescimento.
Segundo o diretor de campanha de Hollande, Pierre Moscovici, a chanceler alemã telefonou para felicitar Hollande por sua vitória e convidá-lo a visitar Berlim, revelou o governo alemão.
— Merkel ligou para cumprimentá-lo pela vitória e ambos acertaram um primeiro encontro e trabalhar juntos para fortalecer a relação franco-alemã em prol da Europa.
O primeiro-ministro conservador britânico, David Cameron, também telefonou a Hollande para cumprimentá-lo pela vitória e os dois se disseram "impacientes para trabalhar muito estreitamente e para construir uma relação muito próxima, que já existe entre Grã-Bretanha e França", destacou Downing Street.
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, felicitou "calorosamente" Hollande por sua eleição e disse que "claramente temos um objetivo comum: relançar a economia europeia para gerar um crescimento duradouro".
Hollande venceu com o apoio incondicional do candidato da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon (11,10% dos votos no primeiro turno), da ambientalista Eva Joly (2,31%) e do centrista François Bayrou (9,13%), mas a dirigente da Frente Nacional (FN, extrema direita), Marine Le Pen (quase 18%), defendeu o voto em branco, apesar de criticar Sarkozy com virulência.
A campanha na França, como as demais, foi marcada pela crise financeira que castiga duramente países como Espanha, Grécia, Itália e Portugal, e por questões como imigração e segurança nas fronteiras, com claro avanço da extrema direita.
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